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SALVÍFICOS MOVIMENTO #2— FÁBULA

2023




Utilizando o leitor do código de barras do telefone móvel apontado para o “retrato modelo” (Rugendas - Mina), assim voçê  poderá acessar sua possível origem  africana através da leitura de sua face.
Os testes algorítmicos mostram o caminho para sua ancestralidade e suas origens, oferecendo resultado em minutos. Aprofunde-se na sua autodescoberta, desvende a sua história sem testes de DNA. Encontre “pares” que compartilham de singularidades com você.

Jogo interativo / interface de acesso: 60 ×60 cm (aproximadamen-te) / machine learning: Roger Sodré; game (operação): YES creative soluti-ons; trilha sonora: Rodrigo Caê; banco de dados: Irving Pinelo e João Cerala. 



Salvíficos movimento #2 — fábula, de 2023, problematiza a ideia de represen-tação, referencial imagético e padronagem por meio do emprego da parame-trização, a fim de refletir sobre a hegemonia visual, o racismo e o memoricídio no âmbito das narrativas audiovisuais. Ao fazê-lo, o trabalho também leva a considerar que o modelo de algoritmo presente nessa proposta pode constituir um contraponto a tantos outros presentes no capitalismo de vigilância do mundo informacional. Algoritmos estes que se apropriam dos bancos de dados dos usuários da Web para a análise das informações encontradas, com a inten-ção de transformá-las em commodities para os mais variados fins. Interessa aqui ter em mente, para mais reflexões a respeito de padrões, as capturas ex-ternas do sujeito, procedimentos como indagações sobre as atuais vigilâncias intra e extracorporal, como os testes de DNA.

O jogo, cuja interface conta com componentes imagéticos e sonoros que reme-tem ao afrofuturismo, tem uma trilha sonora para cada “reino africano”, bem como uma trilha de continuidade para a programação interativa. Assim, o ob-jetivo é fazer com que esse “algoritmo aprendizado de máquina” aprenda uma regra geral que mapeia as entradas para as saídas. As imagens e os textos, além de páginas construídas manualmente, são, também, de endereços da própria rede, buscados e ativados por links e hiperlinks. Usa-se o modelo de algoritmo exato ou aproximado de complexidade computacional a partir de estratégia determinística ou aleatória, pois o recurso busca uma resposta próxima à ver-dadeira solução. A obra reúne as tipologias encontradas nos rostos; por isso, como resultado da interação de distintos usuários, temos como cômputo dife-rentes mapeamentos faciais, singularidades externas que remetem a Angola, Congo, Daomé, Gana, Ioruba, Mali, Malungo, Moçambique, e Quiloa — reinos da África. Intenciona-se a busca dos “eus”, constituídos como fotos faciais dos residentes do continente africano, presentes numa cartografia contemporânea, em cidades, estados, enfim, “territórios além-reinos”.

“9 reinos” em parte fictícios, que não correspondem às delimitações dos terri-tórios de suas respectivas origens. Eles englobam culturas, impérios e tribos com características que se aproximam. Reinos criados com a intencionalidade de, junto aos participantes de Salvíficos movimento #2 — fábula, construir em tempo real uma deriva prática, na qual o público, jogando na plataforma, per-corre os reinos da África, numa viagem ao presente, passado e futuro que re-codifica lugares, coisas e saberes.

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Larissa Macêdo         &         João Simões

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